quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Hospital na Costa Sul - Matéria do Jornal Imprensa Livre





Fonte: Jornal Imprensa Livre
Ernane admite atraso em construção de hospital na Costa Sul

Helton Romano

Considerada a principal obra do ‘pacote’ anunciado pelo prefeito Ernane Primazzi (PSC), com investimentos estimados em R$ 8,5 milhões, o hospital da Costa Sul ainda não saiu do papel.

O terreno de 3,5 mil metros quadrados, escolhido para construção do prédio, está sendo alvo de disputa judicial. Desapropriada no início de abril, o juiz chegou a conceder posse da área à prefeitura, após depósito do valor venal – R$ 206,5 mil. Entretanto, um perito avaliou o terreno em, aproximadamente, R$ 2,9 milhões. O proprietário da área decidiu, então, ingressar com uma ação junto ao Tribunal de Justiça (TJ), e obteve liminar favorável suspendendo a posse da prefeitura.

O terreno situado em Boiçucanga pertence à construtora Vértice, com sede em Santos. Conforme explica a advogada Sônia Aparecida dos Santos, que representa a construtora, o TJ determinou que a prefeitura pague a diferença entre o que foi depositado em juízo e o valor avaliado pelo perito, algo em torno de R$ 2,7 milhões. A advogada acredita, porém, que esse valor pode ser ainda maior em função da área ter escritura definitiva.

O departamento jurídico da prefeitura tenta derrubar a liminar, mas até mesmo o procurador Luiz Fernando Figueira reconhece que as chances são remotas. Segundo ele, o juiz indicou um novo perito para reavaliar o terreno.

Contrariado com a situação, o prefeito insinua participação da oposição na tentativa de dificultar o início da obra. “Vai atrasar por culpa de um processo entrado por um advogado da cidade, que pertenceu à outra Administração, que supervalorizou o terreno”, declara Ernane. “Até o juiz achou estranho e nomeou outro perito para avaliar”, acrescenta.
O prefeito não quis arriscar um novo prazo de início da obra. “Depende da Justiça. Se liberarem no começo do mês, a gente faz o projeto, licita, e antes do fim do ano começa.

Agora se demorar mais um pouco... Não posso fazer nada antes de vir a nova perícia de valor, a gente fica meio amarrado”, alega. “Infelizmente vai atrasar um pouquinho, mas para quem esperou 30 anos...”, completa Ernane.
A advogada da construtora rechaça qualquer ligação com grupos políticos. “Lamentavelmente falaram que tenho interesse político. Meu interesse é profissional. Não tenho contato nenhum com oposição. Quem está custeando o processo é a construtora que é muito rica em Santos”, assegura Sônia, que rebate também a alegação da prefeitura de que o terreno seria abandonado. “Tem uma residência no local. Se você passar lá vai ver que as roupinhas do caseiro estão penduradas no varal”, comenta a advogada.

Ela diz ainda que “o prefeito se mostrou irredutível” quanto à possibilidade de um acordo entre as partes. “Meu cliente ofereceu outros terrenos para a construção do hospital, mas o prefeito não aceitou”, revela.

Além de Sônia, a construtora Vértice é representada no caso pelos advogados Zildo Eurico Santos Sobrinho e Nilton Calves. “Não tem nada da oposição estar patrocinando a ação”, reforça Santos Sobrinho, que trabalhou na prefeitura durante a gestão anterior. “Não trabalho para prefeito nenhum. Prestei serviço ao município, não para oposição”, afirma. Para o advogado, o processo envolvendo o terreno ainda está longe de terminar. “Tem muito chão para andar. Se não houver acordo entre as partes, esse processo vai varar o ano”, prevê.

Mullheres da Costa Sul

Dois textos maravilhosos de mulheres da Costa Sul. Ambas merecem o reconhecimento e o respeito da nossa comunidade. Leiam e comentem !


Pedágios: viva o desconhecimento!

Regina Helena de Paiva Ramos


Pedágios na Rio-Santos? Pois é. Mais uma vez as autoridades mostram que desconhecem completamente a geografia e a questão sócio-político econômica do Litoral Norte. Isso já foi sobejamente demonstrado - esse desconhecimento - quando a Secretaria de Segurança coloca uma ou duas viaturas para o policiamento de 70 ou 80 km na Costa Sul de São Sebastião e acha que basta. O que obriga os delegados de polícia e os policiais a se desdobrarem cada um em dez pra dar conta do recado. E quando a gente reclama – vejo este filme há 30 e tantos anos! e é o mesmo, só mudam alguns personagens! – as autoridades sábias respondem que as estatísticas provam que não é necessário mais do que isso. Aí – continua o filme – a gente ia tomar cafezinho e água gelada no Palácio e/ou na Secretaria da Segurança e por alguns dias apareciam mais viaturas que depois sumiam... estragavam, ou iam embora, ou desapareciam como fantasmas. Conheço o gosto de todos os cafezinhos do Palácio dos Bandeirantes – Maluf, Fleury, Quércia, Covas, Alckmin – não sei se nessa ordem porque com tanto café e água gelada meio que perdi a conta.

Agora surge essa novidade: pedágio na Rio-Santos. O primeiro argumento contra é que o turista sairá prejudicado. Favas para o turista. Alguns reais a mais não vão afastá-lo destas praias maravilhosas. O que tem afastado – muitas vezes – é o regime pluviométrico – vá chover assim na casa do chapéu! – e também alguns comerciantes que praticam preços extorsivos. Eu disse alguns. Muitas vezes preços extorsivos sem serviço competente.

E os pedágios? Quem vai sofrer, mesmo, é o cidadão que mora aqui.Pra ir de Boracéia ao Centro de São Sebastião o infeliz terá que pagar dois pedágios? Pagará pedágio para ir ao centro de sua cidade? Pagará pedágio quando for tratar alguma coisa na Prefeitura? Pagará pedágio quando tiver que ir ao Hospital de São Sebastião? Pagará pedágio quando quiser consultar um médico particular? Pagará pedágio para ir assistir a uma sessão na Câmara? Pagará pedágio se tiver que ir ser testemunha no Fórum ou quando tiver que se defender de algo?

Estou falando apenas da Costa Sul de São Sebastião porque é o meu pedaço há 36 anos. Mas a situação se repete nos outros municípios: Caraguá e Ubatuba. Quem vai ser onerado – desprezado e vilipendiado – é o morador daqui. As autoridades mostram mais uma vez que não sabem nada de Litoral Norte: nada vezes nada!

Acho que prefeitos e vereadores terão que bater o pé. Se for preciso a sociedade civil organizada ajudará. Mas desta vez as autoridades municipais terão que sair na frente. Quantas vezes – em quantos assuntos! – nós demos a partida e arrastamos a reboque prefeitos e vereadores? Que saiam na frente agora! Gritem, esperneiem, imponham suas posições. Para que mais uma vez o Litoral Norte não seja tratado como réu. Já foi passado pra trás tantas e tantas vezes e ficou por isso mesmo. Que desta vez se levante um movimento firme que possa rechaçar mais um prejuízo.

Regina Helena de Paiva Ramos é jornalista e vice-presidente da Federação das Sociedades de Bairro Pró Costa Atlântica


Texto da Georgeta - por e-mail


Para quem não leu os Lusíadas e nem vai ler, a história contada por Camões, resumindo bem, é assim: Vasco da Gama tenta ir de Portugal às Indias com seus barquinhos, sem GPS. A coisa não é fácil, pois lá em cima, no Olimpo, os deuses, na torre de controle, fazem mil intrigas e a cada briga sobra um raio, uma tempestade e um barco virado pro tal Vasco, exausto, cá no mundo dos humanos. No fim, apesar dos deuses do contra, ele chega lá. Ufa.

Há alguns meses assisti, pasma, um grupo no Conseg votando pela carrocinha para os cachorros, todos com os braços levantados, gritando oba. Impossível explicar àquela hora que carrocinha não resolve o problema de cachorro na rua. Educação para posse responsável, castração a baixo custo e fiscalização. Do contrário, mata um cachorro, nascem dez. Só se reduz a população canina reduzindo a reprodução. Óbvio, menos para os deuses.

Como Vasco, cá na terra, a Lena, de Boiçucanga,a Patrícia de Maresias, a Rosana de Barra do Una, a Lu de Camburi, a Cia das Patas, entre outras a quem mando meu abraço, continuaram a pegar moedas entre amigos e a castrar, castrar, castrar. Mais de 500? Creio que sim, somados os bairros. Façam as contas de quantos dogs teriam esses bairros se não fossem as moças. Os deuses nem perceberam.

Como Vasco, eu e outros clamamos há anos por educação ambiental, cooperativa e coleta seleviva eficientes, como formas de minimizar os problemas com o lixo. É preciso Reduzir a quantidade de lixo, banir as sacolinhas, responsabilizar os produtores. Claro. Mas os deuses, no Olimpo, preferem transformar em energia - que vamos desperdiçar - os recursos naturais que deveríamos conservar para nós e para as próximas gerações. Estranhos, os deuses da insustentabilidade.

Como Vasco, também - haja remos e velas! - as ONGs promovem lazer, arte, educação, esporte, música, alegria, comida e carinho para as crianças que ficariam por aí se não fossem elas, as ONGs. Cada uma oferece que tem: a praia, casas, igrejas, praças, campos de futebol. São dezenas de ONGs, inclusive as do "eu sozinho" em tudo o que é canto dessa cidade. Seriam muito mais crianças, não fosse essa gente bacana que rema contra a maré do abandono. Gente que faz os deuses não fazem. E não parecem querer fazer.

É da natureza dos deuses, coitados, precisar de milagres. E vão tentando fazê-los sem pensar muito. Gostam, por exemplo, de fazer sumir as coisas que incomodam os olhos: cães sem dono, lixo, crianças pobres. E, pelo andar da carruagem, não vai demorar e vão querer tirar das ruas e das filas preferenciais os velhos, digo, idosos. Ai ai ai. Justo agora!

Hoje, sexta-feira, eu estava bem cansada e queria muito chegar em casa, jogar o celular na privada, colocar a bolsa no freezer, tirar a bota, comer alguma coisa, cair no sofá e assistir a novela. A proteção e a alimentação são necessidades básicas dos seres vivos, inclusive cachorros, gatos, ratos, onças, mosquitos, crianças e idosos. As crianças que estão na rua gostariam de voltar para a proteção da casa, jogar a mochila, comer bolo, tomar leite e deitar no colo da mãe. Agora vão ter que correr da polícia, como já corremos em outras épocas, de outros deuses. Valha-me deus! Onde vai dar isso tudo?
Georgeta